quarta-feira, 8 de abril de 2009

Paranormal e o Inexplicavél

Nesta secção encontrará diversos assuntos que sempre fascinaram o Homem. Pela sua explicação por vezes menos plausivel ou simplesmente porque não compreendemos. São informações com o objectivo de conhecermos um pouco melhor o mundo que nos rodeia. No final do tema estão algumas dessas histórias misteriosas.
A Alquimia e a Sua Misteriosa Procura da Perfeição


Entre as figuras familiares da história da magia e dos mágicos avulta a do velho barbudo e mirrado envergando uma capa esfarrapada que murmura para si mesmo estranhas encantações enquanto mexe uma poção nauseante e borbulhante, esperando que a mesma se transforme em ouro. É o alquimista, na mais lisonjeira das hipóteses um simplório iludido e alvo de troça; na pior, um charlatão perpetrando uma fraude para enganar o crédulo.

Se este retrato pouco lisonjeador e incorrecto é o que sobreviveu de uma pesquisa intelectual que ocupou alguns dos mais brilhantes cérebros do mundo durante 20 séculos, a culpa cabe em grande parte aos próprios alquimistas. Porque tanto o Estado como a Igreja os encaravam com suspeita, e porque eles, no seu desejo de manter as suas actividades secretas aos não iniciados, criaram uma linguagem extremamente complexa e obscura para descrever as operações que realizavam. Apenas à medida que os eruditos foram decifrando essa linguagem e o seu simbolismo, as realizações dos alquimistas começaram a ser compreendidas.

«A alquimia», escreveu o Prof. Lynn Thorndike na sua monumental History of Magic and Experimental Science em oito volumes, «... teve talvez origem por um lado nas práticas dos ourives egípcios ... que realizavam experiências com ligas, e por outro nas teorias dos filósofos gregos respeitantes aos fundamentos do mundo, matéria original e elementos.»

Um dos maiores destes filósofos, Aristóteles, ensinara – e decorreriam 2000 anos até que os seus ensinamentos fossem refutados – que toda a matéria era composta por quatro elementos – terra, ar, água e fogo – que, juntos, possuíam as quatro propriedades básicas de calor, frio, humidade e secura. Segundo crença vigente, eram diferentes combinações destes elementos que originavam todas as formas de matéria conhecidas. Mais ainda, a proporção de elementos podia ser reajustada conforme necessário, de modo a transmutar a matéria de uma forma para outra.

Era evidente para quem quer que fosse suficientemente observador que este processo não só era exequível como se realizava constantemente. Pois não era verdade que a água, quando suficientemente aquecida, se transformava em ar? E não era a Natureza capaz, aparentemente por capricho, de juntar água à erva e transformá-la em flores e frutos?

A transmutação dos metais base em ouro era, evidentemente, um objectivo constante dos alquimistas, embora para a maioria o lucro financeiro representasse apenas uma preocupação secundária. A produção de ouro era um trampolim para uma ambição mais elevada – a imortalidade espiritual e física. Se se descobrisse uma substância ou processo capaz de transformar matéria vulgar no mais nobre dos metais, não seria possivel utilizá-lo também para garantir a perfeição do homem? Foi este prémio esquivo, por vezes denominado pedra filosofal, outras elixir da vida, que constituiu durante séculos o verdadeiro objecto da procura do alquimista. Assim, a alquimia era, nas palavras de um historiador, «um sistema de filosofia que pretendia penetrar no mistério da vida e compreender a formação das substâncias inanimadas».

Santo Alberto Magno, Roger Bacon e Sir Isaac Newton contam-se entre os grandes eruditos que estudaram alquimia. Embora seja justamente conhecido como a figura culminante da revolução científica, Newton, influenciado pela tradição hermética nos primeiros anos da sua carreira, continuou a dedicar-lhe parte das suas pesquisas sobre a estrutura e filosofia da Natureza. Numa obra de relevo, Óptica, Newton observou que a «Natureza ... parece deliciada com as transmutações». Logicamente, o grande investigador racionalista supunha que as transmutações se estendiam a todos os elementos da Natureza.

Mas a procura infrutífera atraiu inevitavelmente a sua quota-parte de fraudes e embusteiros. Um deles, um químico alemão do século XVII de nome Johann Rudolf Glauber, conseguiu persuadir vários dos seus contemporâneos de que descobrira o constituinte vital do elixir da vida nas águas de uma determinada nascente mineral. Os que nele acreditaram podem não ter alcançado a perfeição espiritual, mas pelo menos da sua credulidade não lhes adveio qualquer mal, antes eventualmente algum bem. O mineral existente na água da nascente, desde há muito identificado como sulfato de sódio, é ainda actualmente utilizado, sob o nome de sal de Glauber, se não como elixir da vida, pelo menos como laxativo.

Mas o mais famoso alquimista, e, de acordo com as suas próprias declarações, o que maior êxito alcançou, foi Philippus Aureolus Theophrastus Bombascus von Hohenheim, mais conhecido por Paracelso.

Nascido na Suíça em 1493, depois de aprofundar todos os conhecimentos da altura sobre medicina, astrologia e as ciências com elas relacionadas, percorreu toda a Europa e Médio Oriente praticando e ensinando. A modéstia não se contava entre as suas virtudes. «Vou dizer-lhes uma coisa », disse uma vez Paracelso a uma audiência de físicos famosos, «cada um dos pequenos pêlos do meu pescoço sabe mais do que vós e todos os vossos escribas, e as fivelas dos meus sapatos são mais cultas do que os vossos Galeno e Avicena, e a minha barba tem mais experiência do que todas as vossas grandes universidades.» Paracelso distinguiu-se também dos seus pares ao dar lições em alemão-suiço, a sua língua nativa, e não em latim, a língua dos escolares. Apesar destes problemas, que lhe dificultavam a fixação num lugar determinado, Paracelso escreveu muito, frequentemente com grande percepção. Entre as suas contribuições conta-se a do tratamento da doença venérea, que surgia então na Europa pela primeira vez, através de um composto mercurial, uma técnica que acabou por ser adaptada e utilizada até ao advento dos antibióticos. Trabalhou também entre os mineiros durante um ano, e mais tarde compôs o primeiro tratado médico descrevendo doenças profissionais.

No entanto, por volta do século XIX, as asserções sobre as quais a alquimia se fundamentava foram abaladas pela prova da existência de um número de elementos básicos muito superior a quatro. A concepção que defendia a possibilidade de trabalhar e transmutar estes elementos tornou-se assim pouco mais do que superstição medieval – até ao alvorecer da era atómica, no século XX.


O demónio de Agrippa


Finalmente, a curiosidade levou a melhor sobre o hóspede de Cornelius Agrippa certo dia no início do século XVI. Aproveitando uma das ausências de Agrippa da sua casa, em Louvaina, Bélgica, o jovem conseguiu entrar nos aposentos do famoso alquimista. Aí, encontrou um livro de encantamentos que abriu e comerçou a ler em voz alta. De súbito, ouviu fortes pancadas na porta, que ignorou. Irrompeu então um demónio, exigindo que lhe dissessem por que razão fora chamado. O estudante, aterrorizado, não respondeu, e foi ali mesmo estrangulado.

Nesse momento, Agrippa regressou e, não querendo ser acusado da morte do rapaz, terá ordenado ao demónio que o reanimasse temporariamente e o enviasse até ao mercado. Lá, o estudante reanimado morreu de novo, ainda com as marcas de estrangulamento visíveis no pescoço. Agrippa escapou às acusações de assassínio, mas viu-se obrigado a fugir da cidade.

Sem dúvida que esta história deturpa a verdade, mas não há provas de que Agrippa tenha tentado dissipar a lenda enquanto vi- veu. Também se dizia que tinha um espírito familiar (demónio assistente) sob a forma de um grande cão preto e que possuía uma bola de cristal em que conseguia ver o futuro.

Agrippa nasceu a 14 de Setembro de 1486 em Colónia, Alemanha, onde frequentou a universidade e em breve conquistou fama de soldado, erudito e médico que trabalhava para as realezas alemã, francesa, belga, italiana e holandesa. A sua obra mais famosa, Da Filosofia Oculta, foi publicada em 1531, 20 anos depois de ter sido escrita. Morreu em Grenoble em 1535.

Como muitos alquimistas e ocultistas, Agrippa deslocava-se frequentemente pela Europa, perseguido pela sempre presente ameaça de condenação por heresia por parte da Igreja. Muitos dos problemas de Agrippa eram autoprovocados. Embora os alquimistas, supostamente, fossem capazes de transformar metal impuro em ouro, estava quase sempre endividado. Corriam boatos de que o dinheiro com que ele pagava as suas contas se transformava muitas vezes em pedaços de chifre ou conchas.

Conta-se que, à hora da sua morte, Agrippa terá renegado os seus trabalhos ocultos e amaldiçoado o seu demónio familiar. «Desaparece, maldito animal», terá dito, «única causa da minha destruição!»


O mago individualista


Nascido na Suiça em l493, o médico Philippus Aureolus Theophrastus Bombast von Hohenheim mudou o seu nome para «para-Celso», pois os seus pensamentos ultrapassavam os do próprio Celso, famoso médico romano do século I. Depois de ter frequentado várias universidades, Paracelso percorreu a Europa, praticando a medicina e utilizando remédios naturais. A fama das suas curas milagrosas foi crescendo e em l527 foi nomeado médico e professor de Medicina em Basileia, Suíça. Aí, para horror das autoridades e deleite dos seus alunos, queimou os livros de médicos venerados como Aristóteles e Galeno, cujas idéias considerava obsoletas.

Sempre heterodoxo, Paracelso derivava as suas amplas capacidades médicas da experiência e impregnava-a de misticismo. «A magia», afirmava, «é uma mestra de medicina preferível a todos os livros escritos.» Acreditava ele que a «magia» era um instinto capaz de curar, uma poder que Deus conferia ao médico.

Como os outros alquimistas da sua época, Paracelso estava profundamente interessado em descobrir a pedra filosofal, que se dizia ser capaz de transformar todos os metais em ouro e que também «servia de elixir da vida, prolongando-a indefinidamente». Contudo, ao contrário de outros alquimistas, ele julgava que essa pedra não tinha nada a ver com a produção de ouro, estando apenas relacionada com a preparação de medicamentos para tratar doenças. Esta visão marcou o início da transformação da alquimia em quimica. Paracelso também antecipou a prática moderna da homeopatia, porque acreditava que aquilo que provoca uma doença pode tamhém contribuir para a cura da mesma. A astrologia também o intrigava, bem como a possível relação entre os factores climatéricos e as doenças humanas.

O progresso da medicina moderna, incluindo a psiquiatria, deve muito a Paracelso. Ao afirmar que os epilépticos deveriam ser considerados como simples doentes, pôs a ridículo as teorias que associavam a doença à possessão demoníaca. Associou correctamente a doença pulmonar dos mineiros com a sua profissão e lesões na cabeça com paralisia. Paracelso escreveu a primeira obra completa sobre as causas, sintomas e diagnóstico da sifilis e também foi o primeiro a usar tintura de ópio em tratamentos médicos.

Paracelso afirmava ter descoberto a pedra filosofal e insistia que havia de viver para sempre. Contudo, nem sequer chegou perto disso. Grande consumidor de álcool, morreu em 154l aos 48 anos, possivelmente devido a uma queda acidental. Correram boatos de que os seus inimigos tinham contratado assassinos para o matar, enquanto outros afirmavam que ele tinha tido um ataque.


SONHOS DE OURO E IMORTALIDADE


Certo dia de 1666, na Haia, Holanda, um estranho teria visitado Helvetius, médico príncipe Guilherme de Orange, e mostrado uma substância que, afirmava, transformava chumbo em ouro. Sem dizer nada, Helvetius arrancou um pouco dela e, depois de o visitante ter partido, fez experiências – mas sem êxito. Quando o homem regressou, Helvetius admitiu o roubo e pediu um pedaço maior. O estranho deu-lho, partiu e nunca mais voltou. Ao repetir a experiência, Helvetius conseguiu produzir ouro.

O objectivo da alquimia era encontrar a pedra filosofal, ou elixir da vida, capaz de transformar chumbo ouro e conferir a imortalidade. Temendo o abuso de tais poderes por pessoas mal-intencionadas, os alquimistas escondiam os seus segredos por detrás de simbolismo esotérico e obscuro.

A alquimia floresceu em Alexandria, Egipto, conquistada pelos Árabes em 642. O maior alquimista árabe, Jabir, morreu por volta de 815, mas só no século XII a alquimia seria introduzida na Europa.

Os alquimistas ocidentais partilhavam da crença de Aristóteles de que o mundo material era composto por matéria-prima sob várias formas. As primeiras dessas formas eram os elementos – terra, ar, fogo e água –, caracterizados por duas das qualidades: seco ou húmido, quente ou frio. Por isso, o ar, que é quente e húmido, poderia, retirando-se a humidade, ser transformado em fogo, que é quente e seco. As proporções dos elementos e as suas qualidades determinavam a forma de um objecto, pelo que, teoricamente, era possível transformar uma forma ou matéria noutra alterando as proporções dos elementos através de repetido aquecimento, combustão, evaporação e destilação.

No Oriente, a alquimia estava associada à busca de um elixir da imortalidade. Reconheciam-se cinco elementos – água, fogo, madeira, metal e terra – e dois princípios – yin (feminino, passivo, aquoso) e yang (masculino, activo, fogoso).

O sucesso na obtenção de ligas metálicas colocou os alquimistas na mira de governantes ansiosos por adquirir mais ouro. Por outro lado, a destilação conduziu à produção de álcool e perfumes. Tais descobertas e processos continuam a ser a base da química moderna.

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