quarta-feira, 8 de abril de 2009

Aparições dos vivos e dos mortos

Reais ou imaginários, os fantasmas parecem estar sempre connosco



O general Sabine, governador de Gibraltar, estava convencido de que algumas aparições eram reais. Essa convicção, descrita no Gentleman’s Magazine em 1783, provinha da sua experiência pessoal. Em certa ocasião, o general tinha sido gravemente ferido em combate. Uma noite, estava acordado num quarto iluminado por uma vela. De súbito, as cortinas da cama foram afastadas, e a sua mulher, que ele julgava em Inglaterra, apareceu aos pés da cama para logo desaparecer. Pouco depois, chegou a notícia de que a sua mulher tinha morrido precisamente na altura em que a tinha visto.

Esta visão foi uma clássica aparição de crise, uma imagem de um ente querido distante que está a viver uma situação traumática, a maior parte das vezes a morte. Em geral, as aparições envolvem percepções de seres por vezes mortos, mas habitualmente vivos em qualquer ponto para lá do horizonte sensorial da testemunha. Além de manifestações visuais, podem ocorrer barulhos ou cheiros invulgares, temperaturas demasiado baixas ou objectos em movimento. As aparições dos mortos são vulgarmente designadas por fantasmas. Ver o seu próprio sósia – doppelgänger, espectro ou fantasma – pode ser considerado sinal de morte iminente.

As aparições podem parecer reais ou serem muito ténues, aparecendo e desaparecendo bruscamente. Podem passar através de paredes ou de outros objectos sólidos, projectar sombras e ser reflectidas em espelhos. Os fantasmas aparecem com trajes da sua época, e as aparições de vivos, com vestuário contemporâneo. Enquanto alguns fantasmas que assombram determinado lugar carecem de explicação conhecida, outros surgem depois de acontecimentos violentos em locais como campos de batalha ou cenários de assassínios. A maior parte das aparições parece ter um objectivo específico, quer seja avisar ou tranquilizar as pessoas ou partilhar com elas informações importantes. A maioria das aparições envolve apenas uma testemunha, mas cerca de um terço foram vistas por várias pessoas ao mesmo tempo.

Piloto-fantasma: As aparições são muitas vezes vistas imediatamente antes ou depois do sono. Em 1960, a senhora Church estava na Índia quando acordou ouvindo alguém a chamá-la. Viu o irmão, um piloto de aviões. Passado um momento, a imagem desvaneceu-se. Mais tarde, viria a saber que o irmão quase se despenhara perto da hora a que ela o vira. Numerosas histórias semelhantes surgiram durante a guerra, quando os soldados apareciam aos seus entes queridos em momentos críticos. As visões também podem ser desencadeadas quando as testemunhas se encontram em situações de isolamento, frio, ventos fortes, fome, exaustao, excitação ou perigo grave. Contudo, outras aparições são vistas quando a testemunha se encontra acordada e relaxada, altura em que o subconsciente pode gerar imagens especiais.

Teorias sobre assombrações: Não existe uma teoria única que explique todos os tipos de aparições. Muitas visões podem ser simples distorções da percepção – devido a luz fraca, por exemplo. Outra explicação é que as aparições são formas de alucinação. Uma pessoa propensa a fantasias pode gerar uma imagem mental que responda às suas crenças inconscientes. A investigadora americana Louisa Rhine descobriu apenas um caso em 8000 aparições que não podia ser explicado como alucinação, um fenómeno bastante comum. Quase metade das pessoas idosas, por exemplo, referem alucinações, quer visuais, quer auditivas, dos seus conjuges já falecidos.

Frederic Myers e E. Gurney, dois dos fundadores, em 1882, da Sociedade de Investigação Psíquica de Londres, acreditavam que a telepatia estava associada a aparições. Myers falava de uma consciência subliminar, centro de energia do indivíduo, que podia ser detectada por pessoas psiquicamente sensíveis. Gurney sentia que as aparições podiam ser explicadas por percepção extra-sensorial e que os fantasmas são alucinações produzidas por uma testemunha que pensa intensamente nos defuntos, captando assim impressões telepáticas provenientes das mentes de outras pessoas. Outros sugerem que a matéria viva contém éter psíquico em que podem ser deixadas impressões, mais tarde captadas por outras pessoas. Talvez os fantasmas viajem através de fendas do tempo, ligando entre si o passado, o presente e o futuro.



Visitas de fantasmas



William Twisse, um dos mais conhecidos ministros puritanos de Inglaterra, era ainda um rapazinho de Winchester na década de 1590 quando o fantasma de um companheiro de escola, já falecido, o visitou, dizendo que ele estava condenado. Twisse ficou tão afectado que se converteu.

Com a Reforma, ocorrida no início do século XVI as novas igrejas protestantes rejeitaram o conceito católico de purgatório como estado de sofrimento temporário em que os contritos podiam purificar-se dos pecados. Nessa época, tanto as autoridades da Igreja como do Estado tentavam activamente evitar que as pessoas aterrorizassem a população com histórias de fantasmas. Em 1523, uma mulher foi chamada à presença do arcediago do Tribunal de Leicester por espalhar boatos de que o fantasma do seu pai passeava pela vizinhança durante a noite. Contudo, as autoridades parecem ter fracassado na tentativa de erradicação de tais relatos. De facto, o número de visões e visitas de fantasmas que foram registadas aumentou. A maioria das aparições era considerada prova da existência de uma vida depois da morte.

A crença em fantasmas continuou através dos séculos. Em 1654, Robert Grebby, capelão de New College, Oxford, prometeu aos seus amigos que regressaria depois da morte para lhes dizer se a alma era imortal ou não. Aparentemente, terá mantido a sua promessa, aparecendo ao tutor John Good no seu quarto de Balliol College, mas não há registo daquilo que o fantasma lhe terá revelado. Até 1823, era obrigatório por lei, em Inglaterra, sepultar os suicidas com uma estaca enterrada no coração – única maneira, segundo se pensava, de garantir que repousariam em paz.




Assaltado por um fantasma



Em 1682, Francis Fry, empregado de lavoura na paróquia inglesa de Spreyton, no Devon, transformou-se num peão numa disputa espectral entre um homem morto e a sua mulher. A história de Fry, de misteriosos ataques de fantasmas, é referida em Miscelâneas, uma colecção de relatos de aparições e curiosidades, publicada em 1696 pelo escritor inglês e antiquário John Aubrey.

Os problemas começaram em Novemhro, quando o fantasma de um velho apareceu a Fry, ordenando-lhe que dissesse ao seu amo, filho do espectro, a pagar os legados que o seu falecido pai tinha deixado a várias pessoas. O fantasma disse a Fry que não o incomodaria mais. Contudo, quando a irmã do fantasma recusou o dinheiro, a aparição pediu a Fry que comprasse um anel no mesmo valor, que a irmã aceitou.

Aparentemente, as acções do morto enfureceram tanto a sua mulher (também falecida) que o fantasma dela começou a atormentar Fry de modo implacável. A mulher, que por vezes aparecia como era em vida, outras vezes em forma de cão que lançava fogo pela boca, atacou Fry repetidas vezes. Uma vez, atirou-o do cavalo abaixo com enorme violência, e noutros ataques quase o estrangulou com lenços e gravatas, espalhou os seus sapatos e esfarrapou a peruca e as roupas que ele trazia vestidas.

O episódio mais notável sucedeu na véspera da Páscoa de 1683 à noite, quando um assaltante invisível agarrou Fry, que regressava do trabalho, pelo casaco e o atirou ao ar. Mais tarde, foi encontrado dentro de um lamaçal – seminu mas a assobiar e a cantar. Quando voltou a si, Fry contou como a mulher-demónio o tinha atirado a tão grande altura que «vira a casa do seu amo lá em baixo, não maior do que uma meda de feno». Alguns operários encontraram os sapatos de Fry em lados opostos da casa, e a peruca, numa árvore.

Passada uma semana, ainda atordoado, Fry afirmou que fora atacado por uma ave que entrara pela janela a voar com uma pedra no bico. A ave esmagou-a contra a testa de Fry, deixando-a com nódoas negras e inchada, fazendo que o infeliz se sentisse mal. John Aubrey não diz quando terminaram estes assaltos de fantasmas.




Um assassino descoberto



O fantasma que regressa do túmulo para mostrar as falhas do que parece estar certo é uma história improvável mas clássica. Contudo, o relato de John Aubrey sobre o assassínio de Mary Barwick, tal como aparece nas suas Miscelâneas, de 1696, parece confirmar que por vezes a lenda corresponde à realidade.

A 14 de Abril de 1690, William e Mary Barwick, recém-casados, caminhavam perto da cidade de York, em Inglaterra. Só tinham casado porque Mary estava grávida, mas William queria ver-se livre dela. Assim, atirou-a a um charco e manteve-a debaixo de água até ela morrer afogada. A seguir, arrastou o corpo para o meio de uns arbustos e regressou na noite seguinte para enterrar o cadáver. Disse depois ao cunhado de Mary, Thornas Lofthouse, que a levara para casa de um tio em Selby para que cuidassem dela até ao nascimento da criança.

Passada uma semana, Thomas estava a regar o jardim quando viu uma mulher a caminhar em direcção ao charco onde ele estava a encher o balde. A mulher sentou-se na relva e parecia brincar com uma coisa que se assemelhava a um saco branco que tinha no regaço. Depois de esvaziar o balde, Thomas procurou-a, mas ela desaparecera. Pensou que a aparição se assemelhava a Mary, irmã de sua mulher.

Quando Thomas falou à sua mulher da figura, ela concluiu imediatamente que a irmã poderia estar morta. Uma visita a Selby revelou que Mary não estava em casa do tio de Williarn. A 24 de Abril, Thomas relatou o caso ao lord mayor de York.

Preso no mesmo dia, William admitiu ter atirado a mulher ao lago e depois tê-la enterrado, mas não confessou o assassínio. Apesar disso, as lesões no corpo provocadas pelo esforço de a manter debaixo de água provaram a sua culpa. Foi condenado à morte e enforcado.

Thomas Lofthouse relatou o incidente com tanta firmeza e simplicidade que é dificil não aceitar o seu depoimento como real. É igualmente dificil encontrar outra explicação que não seja a de que o espírito de Mary regressou do túmulo para garantir que o crime não continuaria oculto.




Prenúncios de morte


Numa noite de Novembro de 1779, Lord Lyttelton foi para a cama na sua casa da Hill Street, em Londres, sentindo-se bem mas agitado. Daí a pouco, ouviu passos ao fundo da cama. Erguendo-se, viu uma forma feminina adejante que lhe disse que numa noite determinada, precisamente à meia-noite, ele ia morrer. Na manhã seguinte, Lyttelton, aflito, chamou alguns amigos e contou-lhes o sucedido. Sabendo que ele era nervoso e supersticioso, os amigos tentaram persuadi-lo de que tinha sido um sonho.

Passadas três noites, um dos seus amigos, Miles Peter Andrews, que se deitara meia hora antes, viu que as cortinas do leito se afastavam e à sua frente estava Lord Lyttelton, de pé, vestido para dormir. Lyttelton disse: «Para mim tudo acabou, Andrews.» Pensando que se tratava de uma das partidas de Lyttelton, Andrews atirou os chinelos à figura, que se retirou para o quarto de vestir e aparentemente desapareceu. Contudo, os criados não tinham visto vestígios de Lyttelton. Após uma busca pela casa e jardim, não se detectaram sinais dele. Mais tarde, nesse mesmo dia, Andrews recebeu a notícia da morte de Lyttelton.

Na noite da sua morte, vários amigos de Lyttelton hospedados na sua casa da Pitt Place, em Epsom, tinham adiantado meia hora todos os relógios da casa. Quando pensava que fossem ll.30 da noite, Lyttelton foi-se deitar. Os outros continuaram a conversar até quase à meia-noite, quando o criado irrompeu pela sala gritando: «O meu amo está a morrer!» O criado disse que Lyttelton estivera atento ao seu relógio e também ao do criado. À meia-noite e um quarto, segundo os dois relógios adiantados, Lyttelton comentara: «Vejo que aquela dama não era uma boa profetisa.» Quando já era quase a verdadeira meia-noite, dissera: «Traz-me o meu medicamento. Vou tomá-lo e depois tentarei dormir.» O criado tinha acabado de misturar o medicamento quando ouviu Lord Lyttelton a respirar com dificuldade, e, precipitando-se para o quarto, encontrou-o com uma convulsão. Morreu antes de os amigos terem tempo de acorrer à sua presença.




Espectros na Torre de Londres



A maioria das aparições é de pessoas. Quando aparecem objectos, estes são habitualmente reconhecíveis. Contudo, o que Edmund Lenthal Swifte viu em Outuhro de 1817 não era uma figura humana nem um objecto vulgar.

Swifte era guarda das jóias da Coroa na Torre de Londres, Inglaterra. Vivia na Casa das Jóias, então situada na Torre Martin. Uma noite, estava a jantar com a mulher, o filho de 7 anos e a irmã da mulher na sala em que se supunha (incorrectamente) que Ana Bolnea, mulher de Henrique VIII, tivesse vivido antes de ser decapitada. As portas estavam fechadas, as cortinas corridas e as velas sobre a mesa eram a única fonte de luz da sala.

De súbito, a Sr.ª Swifte deu um grito. Um objecto cilíndrico com a espessura aproximada de um braço pairava entre a mesa e o tecto. Este «tubo de vidro» parecia conter um líquido denso, branco e azul-claro, que se revolvia em espiral e que Swifte comparou a «uma nuvem de Verão em formação». Observaram o tubo mover-se em direcção à cunhada de Swifte e depois rodear a mesa e vir a parar, finalmente, sobre o ombro direito da Sr.ª Swifte. Esta levou as duas mãos ao ombro e gritou; «Ele agarrou-me!» Swifte pegou na sua cadeira e bateu com ela na parede apainelada situada por detrás da mulher. O objecto desapareceu.

Curiosamente, nem o filho nem a cunhada viram o fenómeno, e, por isso, Swifte supôs que se tratasse de qualquer coisa sobrenatural. Parecerá coincidência, mas duas raparigas que então viviam na torre tinham estado anteriormente sob suspeita de terem feito «experiências fantasmagóricas» com o objectivo de produzir aparições. Contudo, Swifte pediu a um amigo céptico que investigasse as possibilidades de fraude, mas nenhuma foi descoberta.

Talvez houvesse alguma força misteriosa na torre naquela altura. Uma das sentinelas nocturnas viu uma figura semelhante a um urso enorme a esgueirar-se por baixo da porta da Casa das Jóias. Atingiu-a com a sua baioneta e depois caiu sem sentidos. Passados dois dias, viria a morrer de choque.




Rapazes irradiantes ou bebés a arderem


Um caso que causou uma profunda impressão no romancista Sir Walter Scott foi a aparição de um rapaz irradiante ao ilustre estadista inglês visconde Castlereagh. Scott soube desse caso em 1815, quando Castlereagh lhe contou que, estando no seu quarto, ao olhar para uma lareira quase apagada viu uma aparição sair pelo guarda-fogo. Parecia ser uma linda criança brilhante que ia aumentando de tamanho a cada passo que dava na sua direcção e depois diminuiu ao recuar até à lareira, desaparecendo em seguida. O genro de Walter Scott, Lockhart, que ouviu esta história muitas vezes, dizia que, à medida que a aparição crescia, a criança nua assumia o aspecto de um gigante pálido como a morte, com uma ferida a sangrar no sobrolho e olhos que irradiavam raiva e desespero.

Na região da Cúmbria, Inglaterra, onde povos germânicos se fixaram durante os séculos IX e X, havia frequentemente notícias destes fantasmas. O Castelo de Corby, perto de Carlisle, Cúmbria, foi em tempos assombrado pelo fantasma de um rapaz vestido de branco, com cabelo dourado e brilhante, que foi visto pelo prior de Greystoke, que ali se encontrava de visita a 8 de Setembro de 1803. Um rapaz irradiante de rosto brilhante foi visto em casas no Lincolnshire, e outro ainda apareceu em Northumberland, no Castelo de Chillingham. Membros da família Lytton que viviam em Knebworth House, Hertfordshire, consideravam tradicionalmente a aparição de um rapaz irradiante como aviso da morte de alguém, e outras aparições semelhantes são consideradas prenúncios de má sorte e de morte violenta.

Quando Scott ouviu falar do rapaz irradiante do visconde Castlereagh, de princípio não sabia que pensar, pois Castlereagh não era um homem dado à frivolidade nem a contos de fadas. Mais tarde, Scott atribuiu a história a loucura temporária, pois, a 12 de Agosto de 1822, Castlereagh suicidou-se com um golpe na garganta. Esta tragédia, subsequente à aparição, impressionou tanto Scott que ele escreveu no seu diário a 1 de Novembro: «Tremo sempre que algum dos meus amigos começa a ter visões.»




Mortes anunciadas



O que acontece ao corpo e à alma à hora da morte é uma questão que preocupa os investigadores do paranormal há mais de 100 anos. Também é uma questão para a qual as religiões de todo o Mundo forneceram várias respostas. Em certas culturas, crê-se que pouco antes da morte de uma pessoa ela própria ou outros podem ver uma imagem do indivíduo moribundo.

Em 1822, o poeta inglês Shelley tinha combinado atravessar de barco a baía de Spezia, em Itália. Quando embarcou, disse ter visto uma imagem de si próprio. Quando o barco se afundou devido a uma tempestade e Shelley morreu, pressupôs-se que a visão retratava a sua própria alma prestes a desligar-se do corpo.

Outra visão famosa ocorreu em 1796. A imperatriz Catarina, a Grande, da Rússia, estava no seu leito e foi vista pelas damas de companhia a entrar na sala do trono. Quando contaram à imperatriz o que tinha acontecido, ela dirigiu-se à sala do trono e, vendo a sua imagem lá sentada, ordenou aos guardas que disparassem, mas a imagem não desapareceu. Catarina morreu pouco depois.

Tais relatos em que o indivíduo vê o seu espectro são raros – talvez devido à iminência da morte e ao pouco tempo que resta para contar a experiência. Contudo, há provas consideráveis de que próximo do momento da morte a imagem do indivíduo pode ser vista por outros a muitos quilómetros de distância. Este espírito pode por vezes comunicar informações específicas, tais como o local ou a causa da morte. Na Islândia, onde se verifica uma alta incidência de mortes no mar entre os pescadores, a investigação sugere a surpreendente frequência com que um parente ou amigo íntimo «vêem» o defunto na hora da morte, ficando a conhecer parte das circunstâncias que envolvem a sua morte.

Experiências semelhantes, muitas vezes conhecidas por aparições em tempo de crise, foram largamente registadas nos primeiros anos da investigação psíquica e sobretudo durante a I Guerra Mundial, quando muitos soldados pereceram. Contudo, a morte nem sempre se seguiu a uma aparição – por vezes, era provocada por perigo iminente, que depois passava inesperadamente.




O nosso fantasma!



Durante anos, a Sr.ª Boulton tinha tido um sonho recorrente em que visitava uma casa. Não fazia ideia de onde esta se situava, mas era capaz de descrever o local de forma detalhada. Mais tarde, em 1883, ela e o marido decidiram passar algum tempo na Escócia. O Sr. Boulton queria uma casa que permitisse boas pescarias e caçadas, e escolheu a casa da aristocrata Lady Beresford, que, por coincidência, estava para arrendar na altura. O filho dos Boultons, que se encontrava na Escócia, tratou do assunto.

O Sr. Boulton partiu antes da mulher para assinar o contrato e se instalar. Lady Beresford avisou-o de que o seu quarto era assombrado há algum tempo por uma «pequena senhora», um fantasma inofensivo que não devia assustá-lo. O Sr. Boulton, céptico por natureza, respondeu que teria muito prazer em se encontrar com o fantasma. Contudo, para seu desapontamento, passou a noite sem ser perturbado.

Quando a Sr.ª Boulton chegou, ficou admirada ao reconhecer a casa dos seus sonhos. Quase tudo correspondia exactamente ao que sonhara, à excepção da sala de estar que ela vira em sonhos conduzir a quartos que nesta casa pareciam não existir. Contudo, verificou-se que tinham sido feitas alterações e que agora se chegava a esses quartos através de uma porta diferente.

Alguns dias mais tarde, os Boultons visitaram Lady Beresford. Mal o Sr. Boulton apresentou a mulher, a dona da casa exclamou: «Céus, é a senhora que tem assombrado o quarto!»

Este caso é desconcertante, pois envolve dois tipos de actividade paranozmal. A Sr.ª Boulton teve conhecimento antecipado de uma casa que viria a ocupar. Além disso, parecia ter adquirido esse conhecimento não através de clarividência, mas visitando realmente a casa sob alguma forma física, suficientemente sólida para ser vista pelos moradores e posteriormente reconhecida.

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