quarta-feira, 22 de abril de 2009

As Profecias de Nostradamus

Depois de prever, entre outros factos da história, a Revolução Francesa, o assassinato de Kennedy, o surgimento
de Napoleão e Hitler - isso tudo 400 anos antes - as previsões deste francês para 1999 andavam a assustar muitas pessoas. Isso porque, segundo Nostradamus, que nasceu em 14 de dezembro de 1503, em 1999 devia eclodir a Terceira Guerra Mundial.



Profecias de Êxitos e Malogros

No dia 1 de Julho de 1559, realizou-se um torneio de justas celebrando dois casamentos no seio da família real francesa. Ao pôr do Sol, o rei Henrique II montou o seu cavalo, magnificamente ajaezado, preparado para enfrentar Gabriel de Lorges, conde de Montgomery. O recontro terminou num empate, mas Henrique insistiu num contra-ataque. Momentos mais tarde, as lanças dos dois contendores entrechocavam-se e estilhaçavam-se, e a lança de Montgomery trespassou a viseira dourada do rei, penetrando-lhe no olho. O monarca morreu nove dias mais tarde.

Por entre os sussurros que assinalaram o trágico fim do torneio, um membro do séquito real, a condestável Anne de Montmorency, gritou: «Maldito seja o adivinho que o predisse tão maleficamente e com tal exactidão!» Não suscitou praticamente qualquer dúvida a identidade do homem contra quem a maldição foi dirigida. O seu nome era Michel de Nostredame (1505-1566), ou mais simplesmente Nostradamus, que desde então se tornou o profeta mais conhecido da História.

Durante a sua vida, Nostradamus publicou 10 volumes de estrofes de 4 versos, ou quadras, proféticas num total de 942 versos. Como planeara que cada volume contivesse 100 versos, referia-se-lhes como Centaines, agora popularmente denominados Centúrias. O 35º verso da primeira Centúria continha esta mensagem extraordinária:

O jovem leão prevalecerá sobre o velho
Em campo de balalha num combate singular:
Em jaula de ouro os olhos lhe trespassará:
Duas feridas, e depois morrerá de cruel morte.


Antes ainda da morte do rei Henrique II, e devido aos seus extraordinários dons proféticos, Nostradamus fora alternadamente temido, desprezado e ridicularizado. Após a morte do monarca, multidões coléricas de um subúrbio de Paris queimaram a efígie de Nostradamus e exigiram que o próprio profeta morresse na fogueira.
No entanto, muito poucas das centenas de quadras proféticas escritas por Nostradamus eram tão precisas, ou susceptíveis de serem interpretadas com tal exactidão, como o seu verso profetizando a morte do rei num duelo. Pois, como acontece frequentemente em casos de sucesso a nível profético, a enigmática fraseologia das quadras de Nostradamus, juntamente com o grande número de profecias que ele fez, contribuiu para que, segundo parece, pelo menos algumas das suas previsões viessem a concretizar-se de modo impressionantemente preciso.

Não restam, porém, quaisquer dúvidas sobre as capacidades de Nostradamus como médico, durante as epidemias de pragas que assolaram o Sul da França, nem sobre a sua erudição e aptidões como escritor prolífico.

Ao longo dos séculos, uma aturada análise e constante reinterpretação da sua obra aumentaram o interesse pelas profecias de Nostradamus. Em Nostradamus: Life and Literature, Edgar Leoni salientou a extrema ambiguidade das afirmações do médico francês, notando que «muitas das suas profecias se prestam a repetidas interpretações, de modo que nunca parecem desactualizadas».

A palavra «profecia», de origem grega, significa, em termos gerais, «falar antes». Actualmente, os termos «profecia» e «adivinhação» perderam em muitos casos um significado preciso e são frequentemente usados como sinónimos, exprimindo previsões de acontecimentos que ainda não ocorreram. Originariamente, porém, a palavra «profecia» tinha um significado mais profundo, declaradamente depurado de quaisquer atributos e apanágios usados pelos adivinhos quer do passado, quer do presente. Nos tempos bíblicos, os profetas funcionavam não como intérpretes do futuro, mas como representantes directos e porta-vozes de um deus, na maior parte dos casos Iavé, o deus de Israel.

Armados com a força de tal comunicação directa, os profetas bíblicos serviam frequentemente de conselheiros aos reis e à corte. O Antigo Testamento cita frequentemente esses profetas, referindo que as suas mensagens proféticas «vieram a ocorrer», uma indicação aparente de que uma profecia particular, como a respeitante ao jovem e ao velho leão, acabou por se concretizar.

Embora o tema da inspiração divina se mantivesse no período clássico, a Grécia e Roma criaram formas de profecia que tinham aplicações distintamente seculares. Os profetas bíblicos eram geralmente do sexo masculino; porém, tal como observou Richard Lewinsohn em Science, Prophecy and Prediction, na Grécia, num país «onde as mulheres viviam normalmente vidas tão retiradas, eram elas as escolhidas para o alto cargo de profeta oficial». A pítia, sacerdotisa do oráculo de Delfos, tinha de ser celibatária, um requisito comum a todas as regiões do mundo antigo. Segundo Lewinsohn, no Egipto «os sacerdotes-profetas encontravam-se entre os mais altos dignitários do Estado, e na Babilónia e outros países do Próximo Oriente as profetisas eram um fenómeno comum».

Na Europa, durante a Idade Média, a profecia, menos preocupada com a revelação divina e ainda grandemente liberta dos apanágios da adivinhação, tornou-se uma vez mais o reino de homens, ocasionalmente com resultados surpreendentes. Num rompante profético verdadeiramente notável e pouco conhecido, o monge-cientista Roger Bacon surpreendeu os últimos necromantes ingleses com a previsão do aparecimento de «navios deslocando-se no mar» movidos «por um único homem, a uma velocidade superior a que teriam se estivessem cheios de homens que os accionassem». Bacon previu também a existência de veículos movidos «por tracção não animal» e «máquinas voadoras» com «um homem sentado no meio da máquina». Noutras profecias, Bacon vislumbrou a criação tanto do microscópio como do telescópio. Quase dois séculos mais tarde, Leonardo da Vinci concretizou as visões de Bacon de triunfos arquitectónicos e de engenharia em desenhos altamente específicos, que anteciparam com extrema correcção uma grande quantidade de armas, veículos, máquinas e edifícios futuros.

Ao longo dos séculos dois temas apareceram repetidamente no vasto texto de expressão profética: catástrofe e invenções. Em 1661, por exemplo, o inglês George Fox predisse a peste que assolou Londres em 1665. Em 1856, no seu livro Penetralia, Andrew Jackson Davis previu em pormenor não só o automóvel como também uma exótica máquina de escrever. Foram estas as palavras que ele usou para descrever a sua máquina: «Estou quase decidido a inventar um psicográfico automático – isto é, um escritor espiritual artificial. Pode ter uma configuração semelhante à de um piano, uma escala de teclas que representem os sons elementares; outra fila a nível inferior representará uma combinação, e outra ainda uma recombinação rápida, de modo que quem a accione, em vez de tocar uma peça de música, possa dar origem a um sermão ou a um poema.» Guerra, desastre e a morte de chefes de Estado são há muito tempo objecto de profecias. O assassínio do presidente Lincoln foi predito por Daniel Home em Dieppe, França, em 1863, e as mortes do rei e da rainha da Sérvia em 1903 foram previstas por uma tal Mrs. Burchell, uma profetisa do Yorkshire. Em Fevereiro de 1914, Sir Arthur Conan Doyle, a quem o ocultismo fascinava, recebeu esta mensagem de um médium australiano: «Embora de momento não corra sequer um rumor sobre a iminência de uma grande guerra europeia, quero no entanto avisá-lo de que, antes de o ano corrente, 1914, ter atingido o seu termo, a Europa ficará mergulhada em sangue. »

Embora não referisse qualquer guerra ou a morte de um chefe de Estado, um romance do século XIX revelou-se extraordinariamente profético. Futility, da autoria de Morgan Robertson, foi publicado em Nova Iorque em 1898. O facto é que Robertson predisse, pormenorizada e correctamente, o afundamento do Titanic, 14 anos mais tarde, a 14 de Abril de 1912. Tal como no verdadeiro desastre, o navio da narrativa de ficção fora considerado inafundável, e no entanto afundou-se durante o mês de Abril.

Nos finais do século XVIII e princípios do XIX, deu-se início a profecia durante hipnose através do mesmerismo, a técnica criada pelo austríaco Franz Anton Mesmer. Um dos alunos de Mesmer, o marquês de Puységur, foi capaz de suscitar um estado a que chamava «sonambulismo artificial». Segundo consta, uma jovem alemã da região da Floresta Negra que ele fez entrar num transe profético predisse os violentos acontecimentos que mais tarde acompanharam a Revolução Francesa. Cerca de 100 anos mais tarde, o americano Edgar Cayce tornou-se famoso como o «profeta adormecido». Cayce, que passou a maior parte da sua vida em Virginia Beach, Virgínia, fez previsões sobre a saúde e carreira pessoais de indivíduos que o consultaram, além de profetizar grandes alterações geológicas de magnitude continental. As profecias de natureza geológica de Cayce, que abrangem um período que termina em 1998, incluíam ruptura «na zona ocidental da América» e alterações na «região superior da Europa», enquanto a «maior parte do Japão se deve afundar».

Uma das profecias mais dramáticas do século XX, porém, foi feita por Jeane Dixon, de Washington DC. Constituiu o tema de um artigo publicado no suplemento de um jornal dominical, Parade, de 15 de Maio de 1956: «Relativamente à eleição de 1960, Mrs. Dixon crê que a mesma será dominada pelos trabalhistas e vencida por um democrata. Este, porém, será assassinado ou morrerá no cargo, embora não necessariamente no decorrer do seu primeiro mandato » Esta observação foi recordada quando o presidente John F. Kennedy foi assassinado em Dallas, a 22 de Novembro de 1963. Mrs. Dixon fez muitas outras dramáticas profecias, algumas das quais porém não se concretizaram. Entre estas incluía-se a previsão de que a China Comunista «mergulharia o Mundo na guerra» em 1958; que a União Soviética invadiria o Irão em 1953, e que em 1966 o primeiro-ministro Fidel Castro, de Cuba, estaria «quer na China, quer morto».

No entanto, tal como aconteceu relativamente à predição de Nostradamus da morte do rei Henrique, a profecia de Mrs. Dixon referente ao assassínio do presidente Kennedy permaneceu viva na memória do público. A «morte de reis» parece atrair, e frequentemente justificar, os profetas. Existem, no entanto, determinados incidentes anedóticos que podem ser ainda mais desconcertantes do que as profecias que predizem mortes. Quando, por exemplo, a American Society for Psychical Research (ASPR) realizou uma análise de fenómenos psíquicos espontâneos, incluindo casos precognitivos, uma aventura estranhamente profética foi narrada por Mrs. Paul H. McCahen, de Inglewood, Califórnia. Ao cair da tarde do dia 4 de Setembro de 1954, no decorrer de uma visita que faziam ao Grand Canyon, Mr. e Mrs. McCahen viram uma mulher encaminhar-se para uma das cabanas acompanhada por um homem e um rapaz. Mrs. McCahen disse ao marido: «Está ali Mrs. Nash, uma senhora que fez parte de um júri comigo há um ano. O marido só tem um braço. Mas vou falar-lhe amanhã de manhã, porque agora ela deve estar cansada. »

Na carta que dirigiu aquela sociedade, Mrs. McCahen acrescentou: «No dia seguinte, vi-a sentada na varanda e fui falar-lhe. Os nossos maridos conheceram-se e entabulámos uma agradável conversa. A determinado momento mencionei que a vira na tarde anterior, mas que não lhe falara nessa altura Mr. e Mrs. Nash pareceram ambos surpreendidos e declararam que haviam acabado de chegar num autocarro cheio de turistas. Devido ao seu único braço, ele não guia durante longas distâncias. »

Mr. McCahen confirmou o relato de sua mulher, declarando que esta lhe indicara Mrs. Nash no dia anterior e que eles haviam encontrado o casal na tarde seguinte, embora Mrs. Nash afirmasse que «tal era impossível, porque eles apenas tinham chegado nessa manhã».

Haverá uma explicação racional que não contrarie os princípios científicos vigentes para tais incidentes aparentemente inexplicáveis que implicam tempo futuro e coincidência? No seu livro Prophecy in Our Time, Martin Ebon, autor prolífico sobre temas paranormais, ofereceu uma possibilidade tão intrigante como compreensível: «Há uma imagem simples que explica até certo ponto a profecia», escreveu Ebon. «Um indivíduo que sobrevoe uma montanha de helicóptero e veja dois comboios em lados opostos da mesma dirigindo-se um para o outro pode prever uma colisão como se possuísse conhecimentos sobre-humanos, pelo menos em comparação com os passageiros e maquinistas dos dois comboios. E uma imagem clara. Não exige reajustamentos básicos dos conceitos tradicionais de tempo e espaço. Mas podemos nós ter uma percepção de tal modo transcendente do nosso próprio futuro? Certamente que sim, e tanto maior quanto mais profundamente nos conhecemos a nós próprios – porque somos, sobretudo, não senhores, mas, inconscientemente, magnetes do nosso destino. »


Desde que Nostradamus começou a publicar as suas profecias em 1555, as pessoas tem tentado explicá-las. Em 1939, Goebbels alertava Adolf Hitler para a quadra II: 24:

Animais loucos de fome atravessarão os rios,
A maior parte do campo de batalha será contra Hister.
Arrastará o líder numa jaula de ferro,
Quando o filho da Alemanha não respeitar qualquer lei.


Hister era parecido com Hitler, e falava de guerra, mas a quadra não profetizava o triunfo da Alemanha. Foram então lançadas profecias falsas proclamando a vitória alemã.

O estilo obscuro torna muitas vezes dificil a interpretação da obra, mas o ano expresso na quadra II: 51 é suficientemente explícito, prevendo o Grande Fogo de Londres para 1666:

O sangue dos justos será pedido em Londres,
Queimada pelo fogo em três vezes vinte mais seis.


Alguns versos anunciam acontecimentos que não ocorreram, como na quadra VI: 54:

De madrugada, ao segundo cantar do galo,
Os de Tunes, Fez e Bougie,
Os árabes capturados pelo rei de Marrocos,
No ano de 1607 pela liturgia.


Nostradamus também descreveu a fuga frustrada de Luís XVI, em 1791, e a guilhotina:

Durante a noite virão através da floresta de Reines
Dois companheiros pelos desvios;
A rainha, a pedra branca,
o rei-monge vestido de cinzento em Varennes,
O Capeto eleito causa tempestade, fogo e esquartejamento sangrento.


A quadra III: 96 diz:

Ao líder de Fossano cortará o pescoço
O homem que treinava os cães de caça e os galgos.
O acto será cometido pelos da rocha tarpeia,
Quando Saturno estiver em Leão, a l3 de Fevereiro.


O rei de Fossano era avô do duque de Berry, morto por um moço de cavalariça a 13 de Fevereiro de 1820. O assassino era um republicano – ligação com a rocha tarpeia, de onde se lançavam os condenados na Roma republicana.

O conflito que aconteceu na província de Kosovo, na Jugoslávia, está sendo interpretado por muitos astrólogos e estudiosos das profecias de Nostradamus como o início da guerra prevista pelo francês, que em sua centúria X, na quadra 72, escrevendo em francês arcaico:

No ano de 1999, sétimo mês
Do céu virá um grande Rei de assustar
Ressuscita o grande Rei de Angoulmois,
Antes depois Marte reina pela felicidade


Morte de Henrique II de França

O jovem leão vencerá o velho
No campo de batalha num único combate
Trespassar-lhe-á os olhos na sua jaula de ouro
Duas feridas numa, perecerá de uma morte cruel.


Esta predição cumpriu-se 4 anos mais tarde, em 1559, quando Henrique, cujo emblema ostentava um leão, entrou numa justa amigável com um jovem oficial de nome Montgomery. A lança de Montgomery atravessou acidentalmente a viseira do elmo dourado de Henrique, ferindo-o na vista e na garganta. O soberano morreu 10 dias depois.

Napoleão

Um imperador nascerá junto de Itália
Que custará muito caro ao Império


De facto Napoleão, ou Napolon O'Roy como lhe chamou Nostradamus, e que foi descrito pelo profeta como sendo o primeiro Anticristo, custou bastante à França, tanto em homens como em força política, até à sua queda final.

O grande Império será trocado em breve por um lugar pequeno,
O qual cedo comecerá a crescer.
Um local de área reduzida no meio do qual
Irá pousar seu cepro.


Napoleão foi exilado para a pequena ilha de Elba, donde fugiu por 100 dias, durante os quais o seu império cresceu de novo. Renunciou definitivamente ao Poder na pequena ilha de Santa Helena.


O Grande Incêndio de Londres

O sangue dos justos será exigido em Londres
Queimada pelo fogo em três vezes vinte mais seis


O sinistro ocorreu exactamente no ano de 1666 (três vezes vinte mais seis)


Carlos I de Inglaterra

O homem indigno é expulso do reino inglês
O conselheiro arderá pela cólera
Os seus seguidores descerão tão baixo
Que o pretendente quase será aceite.


A irresponsabilidade de Carlos fez-lhe perder o reino. O seu conselheiro, o arcebisto Laud, foi queimado em 1645. Os seguidores que desceram tão baixo foram os Escoceses, que devolveram o reino ao Parlamento em 1646, e o pretendente será Oliver Cromwell ( o Lord Protector ), que quase foi aceite como rei pelo povo inglês.


Luís Pasteur

Pasteur será celebrado como um deus,
Quando a Lua completar o seu grande ciclo.


O ciclo lunar em torno da Terra leva 19 anos a completar. Um desses ciclos lunares concluiu-se em 1889, ano em que Luís Pasteur deu um contributo vital à ciência médica ao fundar o Instituto Pasteur.


Hiroshima

Perto do porto e em 2 cidades haverá 2 calamidades até então nunca vistas.

As duas cidades portuárias de Hiroshima e Nagasaki sofreram dois bombardeamentos em que, tanto as explosões como a radiação que se seguiu foram horrores que o Mundo nunca vivera.


John F. Kennedy

O grande homem será atingido
Durante o dia por um relâmpago
Do telhado o mal abater-se-á
Sobre o grande homem.


Foi o que aconteceu ao então presidente John F. Kennedy, foi assassinado em pleno dia por um tiro certeiro proveniente de um atirador escondido num telhado.


Profecias de um feiticeiro

Em todas as épocas e em todos os lugares, tem havido indivíduos a quem é atribuído o dom da segunda visão, mas isso é muito frequente em certas culturas. Os antropólogos descobriram que nas comunidades zulus, em África, e aborígenes, na Austrália, a capacidade de «ver» à distância é tão vulgar que é considerada natural. Muitas pessoas nas Terras Altas Escocesas também parecem ser dotadas de segunda visão.

O mais lendário vidente dessa região da Escócia foi Kenneth Mackenzie, também conhecido por Coinneach Odhar Fiosaiche, o Feiticeiro da Ravina, ou simplesmente o Vidente de Brahan. Dizem que nasceu no início do século XVII em Baile-na-Cille, na ilha de Lewis, e que se tornou famoso no continente pela sua capacidade de prever o futuro. Como adivinho, usava uma pedra polida para as suas profecias.

Muitas das predições do vidente diziam respeito aos ricos e famosos da sua época. Mas também era conhecido por ajudar as pessoas vulgares e pelas suas profecias em geral. Tal como as quadras de Nostradamus, as suas predições eram muitas vezes expressas numa linguagem que podia ser interpretada de várias maneiras, dependendo de quem as ouvia.

Um exemplo típico parece profetizar a invenção do caminho de ferro, bem como do gás e da água canalizados. «Longas filas de carruagens sem cavalos percorrerão a distância entre Dingwal e Inverness», disse Mackenzie, «e virá o dia em que o fogo e a água correrão por todas as ruas e vielas de Inverness.»

O incidente mais conhecido associado ao vidente terá ocorrido pouco depois da ascensão ao trono de Carlos II, em 1660. O terceiro conde de Seaforth tinha partido para Paris numa viagem de negócios, deixando a sua mulher, Isabella, no Castelo de Brahan. Apreensiva e aborrecida com a ausência, a condessa chamou Mackenzie, que lhe garantiu que o marido estava «bem e contente».

Querendo saber mais, ela começou por recorrer a subornos e depois a ameaças. Finalmente, Mackenzie deixou escapar que via o marido dela na companhia de outra mulher. Furiosa, Lady Seaforth ordenou que o infeliz Mackenzie fosse atirado de cabeça para dentro de um barril de alcatrão a arder e acusou-o de ter negociado com o Diabo.

Diz a lenda que, antes de morrer, Mackenzie profetizou, acertadamente, a extinção da família Seaforth. E disse à condessa: «Eu vou para o céu, mas vós nunca lá chegareis. [Depois da minha morte], um corvo e uma pomha, voando velozmente em direcções opostas, encontrar-se-ão e pairarão por um segundo sobre as minhas cinzas, nas quais pousarão por um instante. Se o corvo vier à frente, tereis falado verdade; mas se a pomba for a primeira, então a minha esperança tem fundamento.» As duas aves apareceram como profetizado – e a pomha foi a primeira a pousar sobre o que restava do Vidente de Brahan.

É muito provável que o Vidente de Brahan tenha sido queimado vivo, mas de facto viveu muitos anos antes de a Casa de Seaforth ter sido criada. Nos registos parlamentares escoceses do século XVI, consta uma ordem para levar a julgamento vários feiticeiros, incluindo um certo Coinneach Odhar. A única certeza histórica é que esse homem era um feiticeiro notável e que a sua reputação como vidente foi crescendo com os anos.



A profecia de Jacques Cazotte

No início de l788, vários homens e mulheres franceses de elevada posição social, reunidos ao jantar, conversavam sobre a iminente revolução e especulavam sobre quantos dos presentes estariam vivos para assistir ao conflito. Todos eles, disse Monsieur Cazotte, veriam a revolução, mas a maioria teria razões para se lamentar. Depois, predisse que o matemático Condorcet se envenenaria na prisão, o aristocrata Chamfort cortaria as veias e outros cinco convivas morreriam no cadafalso no prazo de seis anos.

Cazotte também disse que o rei seria vítima da revolução. O crítico e ateu confesso La Harpe, que mais tarde relatou o incidente, sobreviveria, acabando por se converter ao cristianismo. O profeta profetizou em seguida a sua própria morte na guilhotina.

Infelizmente, o relato de La Harpe só seria publicado depois de todos os participantes naquele jantar terem cumprido o sinistro destino que lhes tinha cabido em sorte. Só por si, isto seria suficiente para pôr em dúvida a história. Além disso, La Harpe morreu em 1803, e em 1817 foi encontrada uma nota entre os seus documentos pessoais afirmando que o relato da conversa tinha sido forjado. Como é óbvio, a confissão também poderia ter sido inventada, e alguns ainda acreditam que Cazotte tenha feito mesmo a profecia, citando testemunhas – infelizmente sem referir nomes – que teriam estado no jantar.

O consenso geral, porém, é que tanto a profecia como a sua sequencia são fictícios. A 2 de Setembro de 1792, os revolucionários prenderam Cazotte, mas os amigos e familiares conseguiram a sua libertação. Aqueles que tinham conhecimento da sua profecia felicitaram-no por ter escapado à sua própria predição. «Não creio», terá respondido Cazotte, «pois daqui a três dias serei guilhotinado.» E assim aconteceu.

Os avisos a Napoleão

Até as figuras históricas mais ambiciosas e auto-suficientes se sentem ansiosas acerca do futuro, sobretudo em épocas tumultuosas. O imperador Napoleão Bonaparte tinha contactos com pelo menos dois adivinhos – a famosa adivinha Marie-Anne-Adélaïde Lenormand e o misterioso Homem Vermelho, que os parisienses contemporâneos acreditavam ser o espírito familiar de Napoleão, que lhe prestava assistência.

Em 1792, Napoleão punha a hipótese de deixar o país para continuar a sua carreira noutras paragens, e para isso fez a sua primeira visita, incógnito, a Mademoiselle Lenormand. Ela disse-lhe que não lhe seria permitido partir. Depois, vaticinou que o jovem oficial teria um papel importante na história de França, que uma viúva o faria feliz e que ele atingiria uma posição elevada graças à influência dessa mulher. Contudo, avisou-o de que, se ele fosse ingrato, a desgraça cairia sobre ele. Quando Napoleão se preparava para partir, a vidente citou de súbito William Shakespeare: «Salve, Macbeth! Daqui para o futuro, passarás a ser rei!»

Depois de o visconde de Beauharnais ter morrido no cadafalso, em 1794, a sua viúva, Josefina, casou com Napoleão, tornando-se imperatriz. Contudo, o imperador divorciou-se dela em 1809, e pouco depois a sua sorte começou a deteriorar-se, como fora predito.

Mais tarde, alguns meses depois da queda de Napoleão, circulavam em Paris rumores do seu encontro com um segundo vidente. A 1 de Janeiro de 1814, um homem alto vestido de vermelho pediu para ver o imperador, havendo quem ouvisse o visitante censurar Napoleão, dizendo que era o seu terceiro e último aviso. O primeiro tinha sido no Egipto, durante a Batalha das Pirâmides, em 1799. O segundo ocorrera depois da Batalha de Wagram, em 1809, altura em que concedera a Napoleão quatro anos para pôr termo à conquista da Europa no promover uma paz generalizada. Esta última aparição destinava-se a recordar ao imperador que, se ele não conseguisse uma coisa ou outra em três meses, tudo teria acabado para ele. Napoleão protestou, dizendo que o prazo era demasiado curto, mas o Homem Vermelho mostrou-se inflexivel.

Nos meses seguintes, Napoleão não prosseguiu as suas conquistas nem conseguiu a paz. Foi forçado a abdicar em Abril de 1814, derrotado em Waterloo em 18l5, e morreu no exílio na ilha de Santa Helena, no Atlântico, em 1821. Os jornais franceses disseram que se cumprira a profecia do Homem Vermelho.

O fim está próximo – mais uma vez

Em todas as épocas, há sempre alguém, em algum lugar, que profetiza o Fim do Mundo. Em 1843, foram os Millerites, dos EUA, que se prepararam para o Armagedão e para a era messiânica que o acompanharia. Foram cerca de 100 000 pessoas que acreditaram nas predições de William Miller, um agricultor que estudara as «porções cronológicas» das passagens apocalípticas da Bíblia durante muitos anos e pregava a sua mensagem desde 1831.

William Miller baseava as suas predições em profecias bíblicas dos Livros de Daniel e do Apocalipse, apoiado por cálculos feitos a partir do Livro de Ezequiel e dos Números. Começou por prever que o Dia do Juízo ocorreria entre 21 de Março de 1843 e 21 de Março de 1844. Quando 22 de Março de 1844 chegou e passou, fez novos cálculos, apontando a data de 22 de Outubro de 1844. Os seus seguidores mantiveram-se do seu lado, deixando as suas casas e bens e vestindo-se com sudários brancos para a ocasião. O entusiasmo dos seguidores não sobreviveu a outro desapontamento, mas muitos aderiram a outros grupos de «adventistas». Os Adventistas do Sétimo Dia e as Testemunhas de Jeová emergiram ambos deste movimento anterior, embora nenhum deles indique habitualmente uma data específica para o fim do Mundo.

Tais sugestões não são novas. A Segunda Vinda de Cristo foi profetizada para os anos 500 e 1000. Vários profetas europeus diferentes apontaram então 1367, 1525, 1689, 1694, 1730, 1826 e 1836 como anos importantes.

Pretensos profetas ligados a esses grupos garantem geralmente aos seus seguidores que só eles serão salvos. David Koresh, que morreu durante o cerco montado pela Polícia em Waco, Texas, EUA, manteve a sua seita unida através de ameaças e promessas relativas à Segunda Vinda. A Igreja Tami da Coreia profetizou o Dia do Juízo para 28 de Outubro de 1992, quando Cristo salvaria os seus 144 000 seguidores. Muitos milhares desfizeram-se de tudo o que possuíam, mas em vão. Mais recentemente, a Irmã Sofia, um freira de Londres, disse que o fim chegaria quando um cometa atingisse Júpiter em 1994. A colisão ocorreu, mas o planeta Terra continua a girar.

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