quarta-feira, 8 de abril de 2009

A Astrologia: Mito ou Verdade?


Entre todos os seres vivos apenas os homens são obcecados e enriquecidos pelo conhecimento do futuro. De facto, homens e mulheres possuem um sentido da passagem do tempo e o meio de medir as horas, os dias e mesmo os anos com uma exactidão de fracção de segundo. No entanto, e não obstante o sentido do tempo que o homem possui em grau elevado, as tecnologias em constante desenvolvimento, o intrincado planeamento a que obedece a vida humana e as projecções para o futuro de que se revestem os actos humanos, a natureza exacta do futuro ilude a definição. Desconhecemos o que está para vir, razão porque nos interrogamos constantemente sobre questões futuras, importantes ou irrisórias.

No entanto, em termos mais vastos, a luta da Humanidade para predizer e assim controlar o futuro é provavelmente tão antiga como a própria sociedade, e certamente mais antiga do que qualquer outro sistema científico estruturado. Recentes provas de carácter antropológico sugerem que, 52 000 anos antes do nascimento de Cristo, o homem de Cro-Magnon interpretava os céus e marcava as estações entalhando ossos. É possível que tais esculturas lhe permitissem seguir as migrações e prever o crescimento das plantas. Num mundo hostil, tais cálculos ter-se-iam revestido de valor incalculável.

Consequentemente, e num determinado sentido, o homem de Cro-Magnon poderá ter praticado astronomia, a ciência dedicada ao estudo dos corpos celestes. O que os investigadores ignoram, porém, é o tipo de conexão que ele poderá ter estabelecido entre o que via no céu e o que observava no mundo à sua volta. Provavelmente, o homem primitivo registava a passagem do tempo e criava histórias mágicas sobre o seu mundo em pinturas rupestres. No entanto, acabou ele realmente por acreditar que era necessário um certo número de luas cheias para obrigar as renas a migrar e as plantas a crescer? Nesse caso, o homem de Cro-Magnon poderá ter-se contado entre os mais antigos astrólogos de que há notícia e, como tal, ter sido o praticante de uma arte que desde então suscitou as atenções de homens tanto eruditos como incultos.

Mesmo no actual estádio da ciência, é impossível ignorar a astrologia – a crença de que os movimentos do Sol, dos planetas e das estrelas influenciam os acontecimentos ocorridos na Terra. Em 1978, por exemplo, de acordo com uma sondagem realizada pelo Gallup, 1200 de 1750 jornais americanos continham colunas de horóscopos. A astrologia é sobretudo um sistema de crença arreigado, e por muito modernos e científicos que possamos ser, há ainda algo em muitos de nós que cede à tentação de ler o futuro nos céus.

Para profunda consternação dos cépticos, sabe-se que há astrólogos que tem lido com notável exactidão os maus agoiros que os céus prenunciam. De que outro modo, a não ser por leituras astrais que provaram estar correctas, se poderia explicar, por exemplo, os extraordinários conhecimentos proféticos de Evangeline Adams? Descendente do presidente John Quincy Adams, Evangeline nasceu em Boston e, seguindo o conselho do seu próprio horóscopo, mudou-se para Nova Iorque em 1899. No próprio dia em que se instalou num hotel local, informou o proprietário de que em breve aconteceria um desastre. No dia seguinte, o hotel ardeu completamente; o nome de Adams foi exaltado nas primeiras páginas dos jornais, a sua história divulgada e ela viu-se no bom caminho para se tornar uma das mais famosas astrólogas americanas.

No entanto, a fama não a protegeu de ser presa, em 1914, pelo crime de fazer previsões para o futuro, embora os seus conhecimentos astrológicos a salvassem de ser condenada. Quando depôs em cribunal, Evangeline começou por descrever pormenorizadamente o processo que lhe permitira fazer as suas predições. Depois ofereceu-se para ser testada. Declarou que, a fim de demonstrar as suas aptidões, leria o horóscopo de um estranho, cujo nome não seria necessário declinar. Sensatamente, o juiz que presidia à audiência apresentou como voluntário o seu próprio filho, e ficou tão confundido com a exactidão do horóscopo resultante que determinou: «A acusada eleva a astrologia à dignidade de uma ciência exacta.»

Em 1931, Evangeline Adams fez uma predição extraordinária – que os EUA estariam em guerra em 1942 –, mas não viveu para ver cumprida a sua profecia. Morreu em Novembro de 1932, com 59 anos, tendo recusado uma tournée de conferências programada para o Outono, segundo se diz porque o seu horóscopo indicava que a sua morte iminente inviabilizaria tal viagem.

O palmarés de Adams foi, porém, excepcional, dado que a história da astrologia está repleta de predições que não se realizaram. Quando foi incorporado no Exército Alemão, aquando da eclosão da I Guerra Mundial, Alfred Witte, um astrólogo de Hamburgo, não tardou a aplicar a sua arte à tentativa de sobreviver. Tentou prever a chegada da artilharia russa estudando as circunstâncias astrológicas associadas com os fogos de barragem hostis. Quando se verificou que as suas primeiras predições eram insuficientemente precisas, Witte consultou de novo as suas cartas e tabelas, acabando por concluir que um planeta desconhecido de nome Cupido lhe distorcia os cálculos. Segundo Witte presumia, Cupido situava-se para lá da órbita de Neptuno. Decorridos muitos anos, em 1930, os astrónomos identificaram um novo planeta, situado de facto para além de Neptuno, a que chamaram Plutão.

O aparente triunfo de Witte, porém, não deixou de apresentar falhas. Por um lado, a trajectória de Plutão difere grandemente da órbita calculada para Cupido. Mais grave ainda foi o facto de, depois de ter inventado Cupido, Witte e um colega, Friedrich Sieggrün, terem identificado sete outros planetas desconhecidos: Hades, Zeus, Crono, Apolo, Admetos, Vulcão e Posídon. Nunca foi detectado qualquer vestígio destes corpos celestes.

No entanto, Witte usou os cálculos que elaborara sobre Cupido para tornar mais exactas as suas previsões do bombardeio russo, e afirmou que as mesmas se haviam tornado substancialmente mais rigorosas. É certo que nunca atingiu a infalibilidade, mas sobreviveu de facto à guerra para fundar uma nova espécie de astrologia, denominada Escola de Hamburgo. O sistema de Witte, cujas previsões astrológicas atendem às influências dos oito novos planetas por ele descobertos, vigora ainda, especialmente na Áustria e na Alemanha. Nos finais dos anos 50, Ludwig Stuiber, um discípulo de Witte, publicou exemplos que atestavam a exactidão do sistema. Num dos casos, a um astrólogo da Escola de Hamburgo foi comunicada a hora, data e local de nascimento de uma mulher desconhecida e foi-lhe perguntado o que lhe acontecera em Viena às 16 h do dia 4 de Março de 1954. O astrólogo equacionou os dados através do sistema de Witte e replicou que ela fora atingida por um tiro nas costas. Segundo afirmou Stuiber, esta resposta fora absolutamente correcta.

Tais factos – que ocorreram em número elevado – constituem um dos motivos por que a crença na astrologia sobreviveu. Outra razão decorre do facto de a astrologia, de modo geral, ter revelado uma capacidade dinâmica – alguns diriam misteriosa – de adaptação a novas tendências e descobertas no reino da religião e da ciência. Houve de facto uma altura em que era impossível distinguir entre religião, astrologia e ciência, que formavam conjuntamente um corpo único, aparentemente indivisível, de conhecimento e fé.

Como resultado, e sendo cerco que os modernos astrólogos gostariam de basear a sua prática num conjunto fixo de princípios antigos, os eruditos tem sido incapazes de precisar qual a origem desses princípios. Alguns atribuem a mais antiga sistematização de observações astrais – não só a ciência da astronomia, como também a arte da astrologia – aos Babilónios. Outros argumentam que a astrologia é o legado de um povo mesopotâmico mais antigo, os Sumérios, que acreditava que os corpos celestes eram representações dos seus deuses. Numerosos eruditos concordam, porém, que uma tribo sucessora dos Sumérios, os Caldeus, praticava claramente uma forma de astrologia. Instalados no topo de torres de observação chamadas zigurates (uma das quais, a Torre de Babel bíblica, atingiu uma altura superior a 90 m), sacerdotes-astrólogos caldaicos estudavam os céus e faziam predições para os seus reis.

Enquanto, segundo a maioria dos eruditos, foram os Caldeus os fundadores intelectuais da astrologia, outras formas dessa arte surgiram em todas as outras regiões do Mundo. Os antigos egípcios, cuja sobrevivência dependia das cheias do Nilo, que fertilizava as suas terras, depressa notaram que a subida da água coincidia com o nascimento da estrela Sirius simultaneamente com o do Sol. Também na religião e filosofia indianas é possível identificar alguns elementos do pensamento astrológico, enquanto os imperadores da China, cerca de 2000 a. C., eram conhecidos como Filhos do Céu. Os dirigentes chineses mudavam-se ritualmente de um canto dos seus palácios quadrados para outro, na crença de que os quatro pontos da bússola estavam profundamente relacionados com as quatro estações. Viviam no canto oriental na Primavera, no do sul no Verão, no do ocidente no Outono e no do norte no Inverno.

Tal como com os Caldeus, a civilização maia do México criou uma classe de sacerdotes-astrónomos, mas foram os antigos gregos que, ao expressarem os seus ideais democráticos, colocaram a astrologia ao alcance de todos. O horóscopo deixou de constituir uma aquisição exclusiva de um rei; todos os cidadãos podiam mandar traçar um horóscopo desde que o pagassem.

Tal como Lawrence E. Jerome, crítico de astrologia, colocou a questão no seu livro Astrology Disproved, «os Gregos encaravam o Universo como um todo cósmico, um único organismo vivo que se desenvolvia, por assim dizer, a partir do Ovo Primordial. Todas as partes do cosmo estavam supostamente ligadas a todas as outras partes através de correspondencias entre o que estava em cima e o que estava em baixo, entre o céu e a terra ... os Gregos aplicaram uma geometria matemática ao sistema, atribuindo a correspondência a interacções e interconexões físicas entre as várias esferas celestes e a Terra ».

Além do mais, os Gregos, sendo um povo essencialmente democrático, defendiam que os presságios da astrologia não determinavam mas se limitavam a influenciar a existência humana, sugerindo, por exemplo, alturas favoráveis para a realização de projectos, mas não garantindo o seu sucesso. Como muitos outros produtos da cultura grega, a astrologia passou para Roma, onde o uso de horóscopos era comum a todas as classes.

O mais importante livro sobre astrologia foi escrito em 200 d. C. pelo maior astrónomo desse tempo, Claudius Ptolemaeus, denominado Ptolomeu, que nos quatro volumes de Tetrabiblos consignou todos os conhecimentos da época sobre esta arte. As cartas e descrições de influências planetárias de Ptolomeu, que considerava a astrologia como uma arte legítima equiparável à astronomia, seriam aceites, praticamente sem alteração, até ao século XVII. De facto, muita da actual crença e prática astrológica baseia-se nos conhecimentos de Ptolomeu, que escreveu: «É claramente evidente para todos os homens que, difundido sobre toda a atmosfera da Terra, e imbuindo-a, existe um certo poder, derivado da natureza etérea.»

Mas o que era óbvio para Ptolomeu não o era para o bispo de Hipona, mais conhecido por Santo Agostinho, que no século IV d.C. desferiu um golpe contra a astrologia que a afectou durante séculos. Na época de Santo Agostinho, o cristianismo era a religião oficial do Estado do Império Romano, e as opiniões que emitia sobre assuntos de natureza religiosa revestiam-se quase da força da revelação. Quando jovem, Santo Agostinho acreditara na astrologia, mas na altura em que escreveu A Cidade de Deus a sua opinião sofrera uma alteração: «Aqueles que afirmam que as estrelas determinam as nossas acções ou as nossas paixões, boas ou más, sem o desígnio de Deus, devem ser silenciados e não escutados ... pois não é verdade que esta opinião não faz senão excluir redondamente toda a divindade?»

À parte a sua teologia, Santo Agostinho chegara a esta rígida perspectiva através de cuidadoso raciocínio. As declarações que fez, resultantes de tais considerações, foram aceites com grande seriedade, e a prática da astrologia decaiu. Só reapareceria com algum impacte no século XII, quando os eruditos europeus começaram a traduzir textos árabes sobre o tema.

No século XVI, Johannes Kepler, um dos maiores astrónomos do Renascimento, envidou esforços no sentido de reconciliar a astrologia e a astronomia. Copérnico começara já a abalar as antigas opiniões astrológicas ao sugerir que a Terra não era o centro do Sistema Solar. Kepler (que trabalhou ele próprio como astrólogo, talvez mais por necessitar de dinheiro do que por convicção) tentou desferir uma punhalada decisiva na ciência ao descrever os movimentos dos planetas em termos de relações geométricas. Não obstante ter fracassado, conseguiu formular as suas leis de movimento planetário. Surgiram então Newton, com a sua descrição da gravidade, Darwin, com a sua teoria da evolução, e Gregor Mendel, com as suas leis genéticas. Cada um dos cientistas, através de cada uma das suas descobertas, contribuía para diminuir o crédito da astrologia e da magia.

Actualmente, a maíoria das pessoas pensa em astrologia em termos de signos solares – os tradicionais signos do zodíaco. São eles: Aries (ou Carneiro), Taurus (ou Touro), Gemini (ou Gémeos), Leo (ou Leão), Virgo (ou Virgem), Libra (ou Balança), Cancer (ou Caranguejo), Scorpius (ou Escorpião), Sagittarius (ou Sagitário), Capricornus (ou Capricórnio), Aquarius (ou Aquário) e Pisces (ou Peixes). As colunas de astrologia dos jornais fornecem habitualmente conselhos e avisos baseados apenas nos signos solares. No entanto, para um astrólogo conhecedor, a caracterização de uma pessoa pelo seu signo solar, sem que se atenda a gama total de influências astrológicas, raia a blasfémia. Na verdade, os horóscopos completamente traçados baseiam-se nas posições relativas de centenas de estrelas e planetas num dado momento. E é talvez devido a este elo com a astronomia que a astrologia, entre todas as artes proféticas, tem tido uma existência tão longa, nunca deixando de atrair a atenção pública.

Esta persistência tem assustado alguns cientistas. Em 1975, um grupo distinto de 186 homens de ciência, incluindo vários astrónomos, sentiu a necessidade de divulgar uma declaração pública invectivando as obras dos astrólogos. Num artigo anexo, porém, um dos signatários afirmava: «Acabei por compreender que a astrologia não pode ser aniquilada através de meros argumentos científicos. Para alguns, ela assume o carácter de uma religião.»

Numerosos astrólogos concordariam com esta afirmação, salientando que a maioria dos cientistas ignora as implicações totais de uma leitura astrológica. De facto, alguns astrólogos consideram que a sua obra apresenta afinidades com a psiquiatria. Outros descrevem-na como um apoio da procura individualista do futuro ou uma espécie de garante da unicidade e identidade do indivíduo. Tal como um observador comentou: «Se os jornais publicassem um horóscopo em que todas as previsões fossem as mesmas, os leitores desses horóscopos sentir-se-iam enganados e defraudados, e não atenderiam sequer ao raciocínio astrológico que poderia ser apresentado para justificar essa uniformidade. Eles lêem esses horóscopos não para saberem o seu futuro, mas para entrarem em contacto com uma estrutura que corrobore a intuição de que o seu futuro é distinto – como de facto é. Neste sentido, a astrologia funciona como uma espécie de personalidade étnica e serve os mesmos propósitos que uma a6rmao de particularismo cultural e étnico.»

No entanto, mais do que a metodologia, são as premissas da astrologia que os cientistas condenam. Uma premissa central, por exemplo, é que os planetas exercem a sua influência no momemo do nascimento. Quando, porém, um cientista tenta medir essas influências, descobre que os médicos, enfermeiras e equipamento presentes na sala de partos exercem sobre as forças que ele é capaz de medir – como, por exemplo, a gravidade – uma influência consideravelmente superior à dos astros. E por que razão, pergunta o cientista, se reveste de tanta importância o instante do nascimento? Não será mais lógico que as estrelas intervenham no momento da concepção?

A descoberta de Úrano, Neptuno e Plutão, em 1781, 1846 e 1930 respectivamente, coloca outro problema potencial. Novas influências foram atribuídas a estes planetas recentemente descobertos, os quais são actualmente usados para traçar certos horóscopos. Pouco, porém, tem sido dito sobre a validade dos horóscopos mais antigos que não os tomaram em linha de conta.

Ocasionalmente, porém, o estudo científico tem produzido resultados surpreendentes. Usando técnicas estatísticas, Michel Gauquelin, psicólogo e estaticista francês, analisou associações astrológicas tradicionais, para as quais não encontrou qualquer fundamento. No entanto, ao compilar os resultados da sua investigação, fez uma descoberta inesperada. Encontrou o que parecia ser uma forte relação, que transcendia o mero acaso, entre determinados movimentos planetários e certas profissões. Cientistas e médicos, segundo descobriu, parecem nascer mais frequentemente durante o nascimento ou na culminação quer de Marte, quer de Saturno. De modo semelhante, Júpiter encontrava-se frequentemente a nascer ou a culminar por altura dos nascimentos de atletas, soldados, ministros, actores, jornalistas e dramaturgos.

Após mais cinco anos de pesquisa, Gauquelin apresentou a sua hipótese de «hereditariedade planetária», segundo a qual alguns factores herdados desconhecidos podem efectivamente influenciar não só a escolha da profissão que uma criança eventualmente fará, como ainda o momento do seu nascimento. Gauquelin explicava a escolha da profissão com base nessas tendências nos seguintes termos: «A razão da escolha decorreria simplesmente do facto de essas pessoas possuírem elementos constitucionais (e consequentemente hereditários) inerentes que as induziriam, por uma tendência natural, a escolher um determinado modo de vida que se lhes adapta particularmente bem.»

Permaneceu uma última pergunta, de resposta mais difícil: se os elementos hereditários podem impelir o indivíduo a escolher uma determinada profissão, como podem eles exercer influência sobre o momento do nascimento de uma criança? A resposta altamente especulativa de Gauquelin invertia o pensamento astrológico tradicional e sugeria que um nascituro de uma particular constituição genética poderia de algum modo perceber o movimento de planetas compatíveis e consequentemente, talvez com secreções hormonais, influenciar o timing do seu próprio nascimento.

Como não é de surpreender, Gauquelin seria o último a atribuir valor profético às suas teorias altamente complexas. «Não há, nem nunca haverá, qualquer planeta de profissões», escreveu ele, «nem sequer um planeta de carácter, mas apenas relógios cósmicos “conservadores de tempo” que operam de forma ainda desconhecida, mas que parecem estar relacionados com o movimento de rotação da Terra ... Estamos rodeados por mistério e apenas podemos avançar às apalpadelas. A nossa posição assemelha-se de certo modo à de um prisioneiro que, tendo feito um buraco na parede da sua cela, está ainda incerto sobre se esta abertura o conduzirá liberdade ou ao gabinete do director da prisão.»

As perspectivas que os estudos estatíscicos de Gauquelin abriram pareceram reconduzir a investigações para o campo da matemática. E em 1975 Lawrence F. Jerome publicou um artigo no qual tentava explicar o que considerava os erros de Gauquelin. Jerome afirmava que, não obstante os cálculos estatísticos de Gauquelin serem aceitáveis, este fizera «mau uso de certas leis de probabilidades e estatística, chegando a relações entre sorte e casualidade pura da ordem de um para cem mil relativamente a flutuações estatísticas que actualmente se situam bem dentro dos níveis do acaso».

Ao longo dos séculos, de acordo com o que Jerome também escreveu, a adaptabilidade dos astrólogos determinou a camuflagem de implicações mágicas, tais como «o princípio das correspondências». «Este confuso estado de coisas», afirmava Jerome, «constitui precisamente o objectivo dos astrólogos: enquanto puderem ocultar o facto de que a astrologia não é mais nem menos do que magia e não tem qualquer ligação com a ciência física, podem manter uma clientela que despende de bom grado honorários por vezes ganhos com dificuldade. De facto, no fim de contas a astrologia é uma arte de ordem prática: forneceu a muitos astrólogos um meio de subsistência para toda a vida. »

As críticas formuladas por Jerome acentuavam as raízes mágicas da astrologia, e actualmente ainda em muitos de nós subsistem laivos da crença no poder determinante dos céus. Uma pergunta sobre o signo do nascimento de um estranho pode animar uma conversa, e a leitura dos horóscopos publicados nos jornais constitui um divertido passatempo; as suas predições, de carácter muito generalizado, podem frequentemente conter vislumbres de uma aparente verdade. Nem é especialmente importante que muitos de nós consultem o signo errado nos jornais. De facto, muitos astrólgos usam ainda cartas celestes baseadas em cálculos do século II, não cartas que representem o céu que preside aos nascimentos do século XX. Como não é uma esfera perfeita, mas achatada nos pólos, a Terra «oscila» ligeiramente no seu eixo. Deste fenómeno decorre um processo denominado precessão dos equinócios, o qual, ao longo de milhares de anos, provocou alterações cruciais. É como se a faixa do zodíaco que rodeia a Terra estivesse a deslizar, de modo que no início do equinócio da Primavera – a origem da faixa, segundo antiga definição – o Sol já não está a entrar em Aries, mas em Pisces. Assim, o zodiaco recuou, de modo que para alguns astrólogos o Leo de outrora é de facto um Cancer, e um Scorpius é actualmente uma Libra. Alguns astrólogos tentaram compensar esse deslizamento celeste usando nos seus cálculos um zodíaco móvel, mas a ideia não é aceite na maior parte das práticas astrológicas. Dane Rudhyar, eminente astrólogo americano, objectou contra tal prática com o seguinte argumento: «Não acredito que este tipo de astrologia corresponda às nossas necessidades actuais – isto é, não satisfaz as necessidades psicológicas da Humanidade no tempo presente.»

Como seria de prever, os psicólogos invadiram o reino da astrologia, numa tentativa de explicar o motivo que determina a persistência da crença na astrologia, não obstante tantas provas contraditórias. Num estudo realizado em 1964, o psicólogo francês L. H. Couderc ofereceu, através de anúncio, os seus serviços como astrólogo. A cada pedido que recebeu correspondeu com um horóscopo simples, deliberadamente geral e ambíguo. Recebeu mais de 200 respostas de agradecimento em que se fazia menção à sua perspicácia e exactidão profética. Actualmente, um campo que está a ser objecto de pesquisa e que tem fornecido resultados intrigantes é o estudo das influências físicas de corpos celestes na vida terrena. Embora não forneça bases à teoria de que os planetas influenciam o destino humano, este estudo sugere que os corpos celestes exercem uma influência mais determinante do que até aqui se suspeitava.

Consideremos os cálculos cuidadosos de um médico japonês, Maki Takata. Antes da II Guerra Mundial, Takata criara uma técnica que permitia determinar, por meio de análises bioquímicas de sangue, o período ovulatório ao ciclo menstrual. Nas mulheres, essas alterações surgem regularmente durante cada mês, enquanto o doseamento bioquímico do sangue dos homens não sofre qualquer variação. Consequentemente, a reacção Takata, exclusivamente aplicada a indivíduos do sexo feminino, revelava-se útil para os ginecologistas. Não admira, pois, que Takata se surpreendesse quando, em 1938, relatórios de todo o Mundo consideraram o seu teste inútil, porque o doseamento bioquímico do sangue das mulheres – e dos homens – apresentava variações em relaçao ao previsto.

Takata estudou as repentinas alterações químicas verificadas no sangue de indivíduos do sexo masculino e concluiu que estas ocorriam simultaneamente em toda a parte. A causa, raciocinou, tinha de ser extraterrestre. Mas qual poderia ser? Após 17 anos de pesquisa, Takata chegou à seguinte conclusão: «O homem é uma espécie de relógio de sol vivo. » De facto, Takata descobriu que as alterações medidas no sangue dos homens variavam com os movimentos das manchas solares relativos ao meridiano central do Sol. Quanto mais próximo do Sol os homens se encontravam, maiores alterações sofria o seu sangue; Takata verificou o fenómeno fazendo subir num avião um parente ao qual foram retiradas amostras de sangue a várias altitudes. Então, por que razão os resultados de Takata haviam sido inicialmente correctos? Possivelmente porque em 1958, ano em que as alterações de sangue se tornaram tão evidentes, o nível da actividade solar, particularmente o movimento das manchas solares, aumentou consideravelmente.

A experiência de Takata estava longe de ser única. Há séculos que é do conhecimento humano que o Sol desempenha um papel fundamental nas mudanças das estações, clima, crescimento da vegetação e fenómenos decorrentes. A Lua e, em grau menor, o Sol determinam o fluxo e refluxo das marés dos nossos oceanos. Mas o que dizer das descobertas de John H. Nelson sobre o modo como as posições dos planetas parecem influenciar o movimento das ondas de rádio?

Nelson, engenheiro da Radio Corporation of America, verificou, nos princípios da década de 50, que quando dois ou mais planetas formavam com a Terra um ângulo de 90 ou 180º ocorriam perturbações nas transmissões radiofónicas. Surpreendentemente, tal descoberta adapta-se perfeitamente à noção astrológica que identifica esses ângulos com maus augúrios. Para tornar o problema ainda mais confuso, descobriu-se que as transmissões radiofónicas se processavam mais facilmente quando os ângulos formados pelos planetas com a Terra correspondiam aos que os astrólogos consideram benignos. E por que razão, para levantar outro enigma científico, se altera o comportamento das bactérias em tubos de ensaio com as variações dos raios solares? E por que motivo se verificam essas alterações, estando as bactérias protegidas de forças óbvias como a temperatura atmosférica e mudanças de presssão?

Porém, e não obstante os seus erros e incorrecções, não se deverá pressupor que a astrologia desaparecerá. A necessidade que o homem experimenta de possuir uma crença é demasiado real, embora esta lhe possa ser oferecida com uma gargalhada ou assumir a forma de um passatempo numa festa. Ainda durante a II Guerra Mundial, por exemplo, os dirigentes britânicos, ponderando a possibilidade de Adolf Hitler consultar astrólogos, contrataram os seus para tentar descobrir as predições que estavam a ser feitas na Alemanha.

Não era a primeira vez que Hitler era relacionado com a astrologia. Em 1923, num almanaque intitulado A Glimpse Into the Future, a astróloga Elsbeth Ebertin escreveu: «Um homem de acção nascido a 20 de Abril de 1889, com o Sol a 29º de Aries na altura do seu nascimento, pode expor-se a perigo pessoal por acções excessivamente impetuosas e, segundo todas as probabilidades, despoletará uma crise incontrolável. As suas constelações mostram que este homem deve ser tomado muito seriamente. Está destinado a desempenhar um “papel de Führer” em futuras batalhas ... »

Pouco tempo depois da predição, Hitler – data do nascimento, 20 de Abril de 1889 – tentou derrubar o Governo Alemão no seu Putsh de Munique. Foi encarcerado, mas veio a ser Führer e despoletou de facto uma crise incontrolável.

E assim os clarões fugazes de conhecimentos proféticos continuam a assediar a imaginação. Terá sido numa atitude de resignação ou triunfo que Michel Gauquelin escreveu: «Para eles [astrólogos do século XX], a astrologia não é mais do que um eco, uma ideia morta. O rio majestoso que era o primitivo pensamento do homem sobre o seu universo foi engolfado por um deserto de loucura. Porém, tal como está, e morta embora para a nossa linha de pensamento, a astrologia deve ainda ser respeitada. Os mortos merecem respeito. »



Elementos


Quanto aos elementos, temos quatro: FOGO, TERRA, AR e ÁGUA.

O elemento FOGO simboliza a acção que sempre segue o impulso, o instinto, ou seja, a pessoa tem um impulso e a partir daí ela age, isso é o fogo.

O elemento TERRA simboliza a função da acção, a pessoa tem um impulso, um instinto, ela age e essa ação tem que fazer terra, tem que ter uma função, tem que servir para alguma coisa. Senão, é o mesmo que pegarmos a energia e jogarmos no lixo.

O elemento AR simboliza a razão, ou seja, o quanto uma pessoa é capaz de avaliar, discernir, julgar, analisar uma pessoa, ou uma situação, através da qual ela está agindo. Simboliza a nossa capacidade mental.

O elemento ÁGUA simboliza a capacidade emocional, indicando o quanto uma pessoa considera os seus sentimentos, emoções, sensibilidade, intuição e sensações ao agir.

Para cada elemento correspondem 3 signos diferentes, de acordo com a tabela seguinte:

Carneiro - Fogo
Touro - Terra
Gémeos - Ar
Caranguejo - Água
Leão - Fogo
Virgem - Terra
Balança - Ar
Escorpião - Água
Sagitário - Fogo
Capricórnio - Terra
Aquário - Ar
Peixes - Água


Planetas


Quanto aos planetas, temos 2 grupos: Planetas Internos ou Pessoais e Planetas Externos ou Transpessoais.

Planetas Internos ou Pessoais:
São os planetas que orbitam na parte mais interna do Sistema Solar. Só são dinamizados quando estamos em situações egóicas, que digam respeito somente à própria pessoa. São eles: Sol, Lua, Mercúrio, Vênus e Marte. (Citaremos o Sol e a Lua como planetas neste artigo, porém estes correspondem respectivamente, a uma estrela e a um satélite)

Planetas Externos ou Transpessoais:
São planetas que orbitam na parte mais externa do Sistema Solar. Só são dinamizados quando estamos envolvidos em situações externas a nós. São eles: Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão.

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