quarta-feira, 20 de maio de 2009

Poderes Psíquicos

Toque de médium

Os médiuns que afirmam que podem descobrir um assassino tocando numa peça de vestuário da vítima referem-se a uma descoberta acidental feita por Joseph Rodes Buchanan. Buchanan era um estudioso entusiasta de frenologia, a «ciência» segundo a qual se determina o carácter de uma pessoa através das bossas e contornos gerais da cabeça. Em 1841, um bispo chamado Leonidas Polk seria o paciente mais invulgar deste professor americano.

Polk afirmava que até no meio de escuridão total conseguia detectar latão apenas através do sabor. O bispo tinha uma pronunciada bossa na cabeça na região da sensibilidade. Tal facto intrigou Buchanan, que efectuou uma série de experiências utilizando estudantes com a mesma característica craniana de Polk. Embrulhou vários metais em papel para que eles os identificassem e descobriu que muitos deles conseguiam distinguir entre latão, ferro e chumbo apenas pelo tacto. Aprofundando ainda mais esta aptidão, a qual chamou «psicometria», ou «medição da alma», Buchanan descobriu que os seus alunos também conseguiam identificar substâncias não-metálicas, como sal, açucar e pimenta. Buchanan atribuiu esse dom a algum tipo de extrema sensibilidade ou «aura nervosa» na ponta dos dedos.

Investigadores posteriores, entre os quais o Dr. Gustav Pagenstecher, afirmaram que a psicometria ultrapassava os cinco sentidos conhecidos. Quando certos médiuns ou pessoas sensíveis manipulavam objectos, muitas vezes referiam impressões que tinham a ver com a origem do objecto. Pouco depois da I Guerra Mundial, Pagenstecher efectuou experiências com Maria Reyes, de Zierold, na Cidade do México. Ao tocar num pedaço de meteorito, ela gritou: «Estou horrorizada! Meu Deus!», e descreveu a sensação de cair através do espaço.


A vida psíquica de Dickens

A obra Um Conto de Natal, de Charles Dickens, será provavelmente a história de fantasmas inglesa mais conhecida de todos os tempos. Dickens (1812 – 1870) escreveu pelo menos 20 histórias de fantasmas, incluindo cinco na obra The Pickwick Papers, publicada em 1836 – 1837. Durante a sua infância, a ama, Mary Weller, tinha contado à criança, sensível e impressionável, histórias macabras. Em David Copperfield, a história que mais se assemelha à vida de Dickens, Copperfield afirma: «A ama disse ... que eu era privilegiado por ver fantasmas e espíritos.»

Embora rejeitasse médiuns e sessões espíritas, Dickens teve muitas experiências de carácter psíquico. Na véspera do Ano Novo de 1863, o romancista foi perturbado por uma premonição quando jogava às adivinhas com os filhos. Eles utilizavam um pedaço de pano preto suspenso de um pau, e este bastão fúnebre recordou a Dickens os «factos sinistros» ocorridos ao funeral de outro romancista, William Makepeace Thackeray, alguns dias antes. Dickens aparou melhor o pano, mas depois, ainda perturbado pela sua sombra na parede, desmanchou tudo antes de ir para a cama. Na tarde seguinte, o seu filho, Walter, de 22 anos, morreu subitamente em Calcutá, Índia, devido a um aneurisma da aorta.

Dickens também referiu encontros com vários espíritos. Ele gostava muito de Mary Hogarth, a irmã da mulher, que morreu de forma trágica aos 17 anos, em 1837. Depois da sua morte, o escritor disse: «Durante um ano, sonhei que ela me seguia por toda a parte ... por vezes como um espírito, outras vezes como um ser vivo.» Em 1851, o escritor assistiu a uma operação cirúrgica sem anestesia a que o pai foi submetido para remover pedras dos rins. John Dickens nunca recuperou da operação, e certa noite Dickens acordou e viu o fantasma do pai sentado na sua cama. Noutra ocasião, Dickens sonhou que se tinha encontrado com Miss Napier. Não a conhecia, mas lembrava-se de então a ter visto com um xaile vermelho. Passado um ou dois dias, uma certa Miss Napier, envolta num xaile vermelho, visitou-o inesperadamente.

O ritmo frenético da vida de Dickens e o seu humor sombrio sugerem que ele poderia ser um maníaco-depressivo e que talvez nunca soubesse ao certo onde terminava a ficção e começava a realidade.

Nos seus romances abundam melodrama, suspense, mistérios sinistros e pessoas lúgubres. Uma vez, contou ao crítico literário George Henry Lewes que «cada palavra proferida pelos seus personagens era distintamente ouvida por ele».

O SURPREENDENTE D. D. HOME

Daniel Dunglas Home (1833 – 1886) nasceu na Escócia e foi criado nos Estados Unidos, onde, ainda criança, revelou notáveis poderes psíquicos. Regressou à Gra-Bretanha em 1855, e o seu encanto pessoal e a variedade dos seus feitos em breve fizeram dele uma celebridade.

Durante as sessões, Home era muitas vezes clarividente. Testemunhas referiam que ouviam pancadinhas e música de natureza inexplicável. Apareciam mãos sem corpo que podiam ser tocadas por breves instantes, objectos moviam-se como se fossem transportados por seres invisíveis. Home era visto a levitar, por vezes até ao tecto. Noutras ocasiões, ele alongava ou encolhia o corpo até 30 cm, convidando muitas vezes os observadores a segurarem-lhe as mãos e os pés para mostrar que não havia qualquer embuste. Parecia não ser afectado pelo fogo. Segundo Lord Adare, mais tarde conde de Dunraven, numa sessão realizada em 1868 Home ateou as brasas e «colocou o rosto precisamente no meio dos carvões em brasa, movendo-o de um lado para o outro como se estivesse a banhá-lo em água».

Os seus detractores incluíam mágicos e cientistas. Robert Browning achava-o desajeitado e desinteressante. Contudo, as suas proezas nunca foram igualadas nem explicadas em termos de magia. Concordava com aqueles que diziam que, na sua maioria, os médiuns eram fraudulentos, e, para provar a sua sinceridade, submeteu-se a testes feitos por cientistas.

MADAME BLAVATSKY
Helena Petrovna Blavatsky, nascida na Ucrânia (1831 – 1891), foi a força impulsionadora da moderna teosofia, sistema filosófico místico que combina elementos de hinduísmo, budismo, espiritismo e o «conhecimento perdido» esotérico que se julgava existir no âmago de todas as religiões. Através do estudo e da prática de crenças antigas, os teósofos pretendem desenvolver poderes divinos latentes no ego. HPB, como Blavatsky era conhecida, era uma personalidade forte e carismática dotada de supostos poderes psíquicos. Ela afirmava receber mensagens ditadas através da «luz astral» e guias espirituais de mestres invisíveis, ou mahatmas orientais, que lhe davam a sabedoria universal para ela transmitir a outros.

HPB chegou a Nova Iorque em 1873 e foi co-fundadora da Sociedade Teosófica dois anos depois. O seu primeiro livro, Ísis Revelada, delineava os ensinamentos dos rnestres, revelando o ciclo de evolução através de «raças radiculares», com os habitantes da Atlântida e da Lemúria como terceiro e quarto estádios antes dos modernos seres humanos. Em 1878, a sociedade mudou-se para Adyar, na Índia, onde HPB cativava os visitantes com pancadas inexplicáveis, música incorpórea e outros quase-milagres. Prosseguiu os seus contactos com os mestres, sobretudo com reencarnações de dois sábios tibetanos. Richard Hodgson, da Sociedade para a Investigação Psíquica, esteve na Índia em 1884 para estudar o Fenómeno teosófico, classificando HPB como uma «interessante impostora». Contudo, os adeptos desta não fraquejaram. O seu segundo livro, A Doutrina Secreta, é um resumo complexo, e muitas vezes obscuro, das crenças teosóficas. HPB morreu a 8 de Maio, dia hoje comemorado pelos teósofos como o Dia do Lótus Branco.

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